Como trabalhar na Interpol

A expansão do crime organizado para além das fronteiras nacionais tem criado redes que dificultam a atuação das polícias locais. Fugitivos que deixam o país para escapar do cumprimento de penas e crimes transnacionais exigem um nível de cooperação que nenhuma força policial consegue alcançar sozinha.

A Interpol, uma organização internacional, atua para coordenar polícias do mundo inteiro em investigações e facilitar a troca de informações. Apesar de ser amplamente mencionada na mídia, ainda há muita dúvida sobre como a Interpol realmente funciona e quais caminhos um profissional pode seguir para atuar nela.

Neste post, vamos explicar como a Interpol opera e o que você precisa para entrar na organização.

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Emblema de Interpol

Como funciona a Interpol?

A Interpol, abreviação de Organização Internacional de Polícia Criminal, surgiu em 1923 e hoje reúne 196 países membros. Seu objetivo é coordenar e compartilhar informações que auxiliem na solução de crimes transnacionais. Os principais crimes tratados por essa organização são: terrorismo, crime organizado, roubo de identidade e informações financeiras, tráfico humano e de drogas.

Os profissionais que atuam na Interpol desenvolvem diversas atividades em conjunto com os países membros. Esse trabalho pode envolver apoio direto a investigações, participação em operações de campo, oferta de treinamentos e criação de redes internacionais de cooperação. Além disso, a organização disponibiliza suporte técnico avançado como análises forenses, tratamento de dados criminais e assistência na localização de fugitivos ao redor do mundo.

Para que a Interpol participe oficialmente de uma investigação, o caso precisa envolver ao menos dois países membros. Nesses cenários, a polícia federal do país interessado envia uma solicitação formal para que a Interpol coordene ou apoie o processo investigativo, garantindo que as informações circulem de maneira rápida e segura entre as nações envolvidas.

A Assembleia Geral, realizada anualmente, define a estrutura de tomada de decisões da Interpol. Participam dela delegados de todos os países membros, que debatem e votam diretrizes estratégicas. O Secretário-geral, eleito pelos próprios delegados, assume a responsabilidade de executar essas decisões, lidera a organização e garante a aplicação das resoluções no dia a dia.

Para o mandato de 2025 a 2030, os países membros elegeram o delegado da Polícia Federal Valdecy Urquiza como próximo Secretário-geral da Interpol. Pela primeira vez em cem anos de história, a organização será comandada por um profissional de um país em desenvolvimento.

A Interpol no Brasil

O Brasil integra a Interpol desde 1986, tendo a Polícia Federal como sua representante oficial no país. O Escritório Central Nacional (BCN) da Interpol está sediado em Brasília, dentro do Departamento de Polícia Federal, e integra a unidade de Coordenação-Geral de Cooperação Internacional. É esse escritório que faz a ponte entre a Interpol e as autoridades brasileiras.

Os profissionais que atuam no BCN trabalham na difusão de informações criminais internacionais, colaboram em investigações transnacionais e auxiliam na localização de foragidos estrangeiros que possam estar em território brasileiro.

Quando um criminoso foge do Brasil para outro país, as autoridades brasileiras inserem seus dados nos sistemas internacionais de alerta. Se a polícia de outra nação localizar o fugitivo, o escritório brasileiro pode solicitar sua prisão e iniciar o processo de extradição. Entre 2014 e 2018, o BCN foi responsável por coordenar mais de 200 prisões de fugitivos internacionais no Brasil.

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Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Como funciona o processo seletivo da Interpol?

Existem duas formas principais de trabalhar na Interpol: sendo cedido pela Polícia Federal ou ingressando por meio de processos seletivos internacionais da própria organização.

No caso da cessão, é obrigatório ser integrante da Polícia Federal (PF). Os profissionais cedidos atuam no Escritório Central Nacional da Interpol, em Brasília, e passam por um processo interno de indicação. 

Para ocupar essas funções, o candidato deve apresentar histórico de participação em operações relevantes, formações complementares, domínio de mais de dois idiomas e experiência comprovada em cooperação internacional ou investigações complexas. A Polícia Federal faz a escolha final e encaminha os nomes selecionados ao escritório nacional.

Já para trabalhar diretamente na Interpol é necessário participar dos processos seletivos abertos pela própria organização. As vagas são publicadas periodicamente e abrangem diferentes áreas: desde funções técnicas, como gestão de bancos de dados e análise de informações, que não exigem atuação policial, até cargos operacionais, como agentes de inteligência e especialistas em investigações criminais, que requerem experiência prévia na área. As principais áreas são:

  • ​Processamento de informações; 
  • Análise criminal;
  • Serviços linguísticos (Árabe, Inglês, Francês e Espanhol);
  • Departamento Jurídico;
  • T.I (sistemas, desenvolvimento);
  • Secretariado e área administrativa;
  • Outras áreas de apoio e suporte (serviços gerais, recursos humanos, finanças e tesouraria, segurança, documentação, etc).

As vagas são principalmente para atuação em Lyon na França onde está localizada a sede da Interpol ou em cidades com grandes escritórios como Cingapura e Nova York. Os requisitos variam de vaga para vaga. Mas é preciso que o candidato fale Inglês e uma das outras línguas oficiais da Interpol (Árabe, Francês, ou Espanhol). A Interpol só aceita candidatura e divulga vagas no seu site oficial. Para saber quais vagas estão abertas, e seus requisitos, acesse o site da Interpol: https://www.interpol.int/What-you-can-do/Careers

Cooperação internacional e oportunidades de carreira na Interpol

A globalização tornou indispensável a cooperação entre países para investigar crimes e localizar fugitivos que atravessam fronteiras. Nesse cenário, a Interpol desempenha um papel central ao oferecer uma plataforma que conecta polícias de todo o mundo. Viabilizando a troca rápida de informações e operações conjuntas mesmo entre países que não mantêm relações diplomáticas. 

Atuar na Interpol significa contribuir diretamente para o combate ao crime em escala global, ajudando a manter o mundo mais seguro. Para quem deseja seguir esse caminho, a qualificação profissional é determinante, seja por meio da carreira policial, seja pelas seleções internacionais da organização. Uma das principais portas de entrada é a carreira de delegado, tema que abordamos com mais detalhes no post linkado.